domingo, 8 de abril de 2012

Sonhos x Frustração

Toda música, filme ou livro tem uma história por trás. Da posição em que nos encontramos, observamos estas histórias e as relacionamos com a vida que vivemos ou que gostaríamos de viver. Independente das intenções do autor, paramos a nossa vida por um momento e nos permitimos viver junto com os personagens suas angústias, desejos e frustrações que nos remetem às nossas próprias angústias, desejos e frustrações. Assim, temos a possibilidade de deslocar o olhar que temos sobre nós mesmos.

Hoje vi um filme por acaso e acabei entrando nesse processo de auto-reflexão. "Foi apenas um sonho" (Sam Mendes, 2008) coloca em cena o casal de Titanic em um drama pequeno burguês que põe em cheque os princípios da vida da classe média. O filme é ambientado no subúrbio dos EUA durante os anos 50 e, subjacente às questões específicas, a história aborda a loucura, o papel da mulher, o trabalho e os sonhos que nos motivam por trás de tudo isso.

Daqui do meu lugar, vi uma história que fala sobre como reagimos quando percebemos que a vida que vivemos se encontra distante da vida que desejamos. Na juventude sonhamos com mais liberdade, nos alimentamos da possibilidade de buscarmos um objetivo, um desejo... A possibilidade de conquistarmos algo é força motriz que nos impulsiona para a vida, para o crescimento, para a transformação de uma ideia em realidade. Mas ao longo dos passos de nossa caminhada, vamos percebendo que os sonhos, mesmo quando podem ser vivenciados, estão sempre distantes de se tornarem concretos. Por um lado "chegar lá" não é um fim, pois estaremos sempre pensando no próximo passo, no próximo desejo; por outro lado, dentro da nossa loucura, formulamos desejos irrealizáveis, onde entramos em um processo contínuo de auto-sabotagem só para continuarmos com o prazer de desejar.

Até aí, tudo bem... observar os processos dos personagens, a lógica de suas decisões e o desenrolar relativamente previsível dos fatos apresentados. Mas e quando eu me desloco e passo a protagonizar o filme? quando eu sou aquela dona de casa infeliz que busca desesperadamente por um sentido para sua vida? E quando eu traço um plano que só é infalível na minha cabeça e me torno profundamente infeliz quando não dá certo?

Eu já vivi tudo isso! Me sinto assim nesse exato momento. Trago alguma frustração engolida em alguma parte da minha mente. E qual é o problema disso? será que nós devemos lutar para extirpar da nossa vida qualquer traço de frustração? Como conciliar os sonhos e a vida cotidiana? Todas questões relevantes e que, claro, não possuem uma resposta única. Nem tenho a pretensão de responde-las aqui.

O melhor em me permitir a refletir sobre lições já vividas com um filme qualquer é o mesmo de me permitir escrever sobre uma questão relativamente óbvia: o prazer em reafirmar pra mim mesma as crenças que garantiram minha sanidade até aqui; neste caso, que quanto mais aceitamos as nossas frustrações como parte da vida, mais rápido vamos nos livrar das armadilhas dos nossos desejos que escondem a beleza das pequenas vitórias do dia a dia.



Nenhum comentário:

Postar um comentário